O mês de setembro é dedicado à sensibilização sobre a importância da doação de órgãos. No dia 27 de setembro foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, data criada para conscientizar as famílias sobre esse importante e simples gesto que pode salvar muitas vidas.
Dizer “sim” após a perda de um ente querido pode ser doloroso, mas também pode mudar a vida de milhares de pessoas que esperam por um transplante. O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país é o segundo maior transplantador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. No Brasil o número de doadores cresceu, porém ainda existem cerca de 33 mil pessoas que estão aguardando na fila de espera, a doação de um órgão.
Para ser um potencial doador, não é necessário deixar algo por escrito. Porém, é fundamental comunicar à família o desejo de doação. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2018, cerca de 490 pessoas receberam transplante de rim em todo o estado. Hoje no Rio Grande do Sul existem mais de mil pessoas aguardando a doação de um rim conforme levantamento da Secretaria Estadual da Saúde.
O médico Jorge Bandarra Westphalen falou sobre um dos episódios que marcaram sua vida profissional. “Em 1984 juntamente com uma grande equipe, realizamos o primeiro transplante renal em hospital não universitário no interior do estado, pioneirismo que colocou Cruz Alta em evidência. O paciente recebeu o rim de sua irmã, e o que mais me tocou o coração foi ter passado com o paciente na hemodiálise e ver que nem todos naquela sala tinham a oportunidade de ter um doador. Só quem trabalha no serviço sente à vontade dos pacientes em sair da rotina da hemodiálise através de um transplante. É extremamente importante que as famílias conversem e busquem se conscientizar sobre a doação de órgãos, um simples gesto que pode salvar várias vidas”, frisou o médico.
Jorge Westphalen e equipe foram responsáveis pelo primeiro transplante de doador cadáver realizado no interior do estado e também do primeiro transplante renal realizado em Cruz Alta.
Quando a morte cerebral acontece há perda irreversível das funções vitais que mantêm a vida, como a perda da consciência e da capacidade de respirar. O indivíduo pode ser um potencial doador de córneas, rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas entre outros órgãos e tecidos. Os órgãos são retirados e utilizados para transplante. Ou seja, um único doador pode salvar cerca de oito vidas.
Para o médico nefrologista do HSVP Paulo Moreira é importante que as pessoas falem sobre o interesse de serem doadores. “A doação de órgãos é um desejo de generosidade. Quer dizer que uma parte de mim vive ajudando outra pessoa a viver melhor e ter uma boa qualidade de vida. Esse aspecto, primeiro da generosidade e da transcendência tem que ser elaborado previamente com a família. É fundamental que as pessoas deixem claro o interesse em serem doadores”, destacou o médico.
Hospital São Vicente de Paulo
O Hospital São Vicente de Paulo de Cruz Alta possui uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). A comissão é responsável por organizar dentro da rotina hospitalar a detecção de potenciais doadores de órgãos; viabilizando o diagnóstico de morte encefálica, conforme a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Também tem como função criar rotinas para oferecer aos familiares de pacientes falecidos a possibilidade da doação e articular com a Central de Transplante do Estado a organização do processo de doação e captação de órgãos e tecidos.
A equipe é constituída por quatro membros em seu corpo funcional sendo eles: Coordenador Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, Dr. João Carlos Donadussi; a enfermeira, Magda Santos; a psicóloga, Indiara Martins e a Assistente Social, Fátima Bronzatti.
De acordo com a Assistente Social do HSVP, Fátima Bronzatti a comissão busca prestar ajuda e esclarecimento as famílias. “Trabalhamos na busca ativa de potenciais doadores de órgãos, oferecendo apoio e atuando na educação dos pacientes e seus familiares, assim como esclarecendo as dúvidas sobre o processo de doação. É importante prestar um atendimento humanizado as famílias, mas principalmente oferecer a oportunidade da doação de órgãos”, destacou a assistente social Fátima.